sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O rádio nasceu católico! Isso é verdade?

Padre brasileiro é reconhecido como pioneiro nas primeiras transmissões de som pelo espaço 

Por Elane Gomes

Em 1895, Guglielmo Marconi teve a idéia de transmitir sinais à distância, assistindo à repetição da experiência de Hertz em Bolonha, na Itália. Continuou estudando as ondas hertzianas e, em 1896, descobriu o princípio de funcionamento da antena. Isso o fez enviar sinais pelo espaço (mensagens de Dover, na Inglaterra, a Viemeux, na França) e construir um aparelho que pudesse controlar estes sinais. No mesmo ano, obteve em Londres, na Inglaterra a patente deste telégrafo. Embora haja controvérsias, por ter conseguido logo as patentes de suas experiências, Marconi é considerado o inventor do rádio e teve fama a partir disso.

Algumas versões da história do rádio, no entanto, apontam que Marconi, para realizar a primeira transmissão pelo Canal da Mancha, se orientou nos estudos feitos por Nicola Tesla datados de 1894. Os americanos reconheceram Tesla como o criador do rádio, em 1943, alegando que Marconi usou 19 patentes dele em seu projeto. Há teorias que sustentam também que o italiano usou equipamentos de Ruhmkorff e Branly e as ideias de Hertz, além da antena de Popov. ( Fonte: http://www.bn.com.br/radios-antigos/radio.htm).

Embora Marconi seja reconhecido pela ideia de usar as ondas hertzianas para a comunicação, um padre brasileiro chamado Landell de Moura já havia feito esta experiência cerca de três anos antes dele e de dois anos antes de Nicola Tesla.

Landelll de Moura



Em 1892, no Brasil, o padre Roberto Landell de Moura nascido no ano de 1861, em Porto Alegre, no Rio grande do Sul, fez as primeiras transmissões de som pelo espaço, em Campinas, São Paulo. Embora a história oficial não registre, um grande número de estudiosos consideram hoje tais experiências como as primeiras transmissões de rádio do mundo.

“As primeiras experiências de radiodifusão no Brasil se realizaram em 1892, portanto, três anos antes do surgimento do físico italiano Guglielmo Marconi, no interior de São Paulo. Foi em Campinas que o padre Landell de Moura, utilizando uma válvula amplificadora, de sua invenção e fabricação, com três eletrodos, transmitiu e recebeu a palavra humana através do espaço. (Reynaldo C.TAVARES, 1999, p. 22). A demonstração foi repetida, em 1894, na cidade de São Paulo, do Alto da Avenida Paulista para o Alto de Santana.

“ Em 1896, Marconi patenteou seu telégrafo na Inglaterra (...) Quatro anos depois, em 1900, o governo brasileiro concedeu ao padre Roberto Landell de Moura, a patente de número 3.279 para ‘um aparelho apropriado a transmissão da palavra à distância, com ou sem fios, através do espaço, da terra e da água.’”(Reynaldo C.TAVARES, 1999, p. 22).

Landell de Moura teve grandes problemas logo após a sua primeira demonstração, uma vez que a sociedade e também o Clero não aceitaram este seu trabalho. Um padre cientista era visto naquela época como um perigo para a fé do povo, por isso ele foi transferido diversas vezes de uma cidade para outra. Essas contínuas mudanças prejudicaram muito os trabalhos do Pe. Landell devido à dificuldade em transportar o equipamento. Mas a cada lugar que ia continuava o seu trabalho de evangelização e os seus estudos científicos. Em 1902 foi para Nova York, onde ele recebeu as patentes pelos equipamentos que construiu: a de número “771.917, de 11 de outubro de 1904 para Transmissor de Ondas; no. 775.337, de 22 de outubro de 1904 para Telefone sem fio e no. 775.846 da mesma data para Telégrafo sem fio”. (Reynaldo C.TAVARES, 1999, p. 25)

Ao voltar para o Brasil, em 1905, Landell de Moura quis utilizar dois navios da esquadra brasileira para demonstrar seus eventos mas foi tido como louco. Seu pedido foi negado pelo então Presidente da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves. O sacerdote morreu em julho de 1928.

O Padre Landell de Moura, que chegou a ser acusado de bruxaria devido ao seu trabalho científico, é hoje patrono dos radioamadores do Brasil. Em sua homenagem duas instituições levam o seu nome: a Fundação Educacional Padre Landell de Moura e o CPqD, Centro de Pesquisas e Desenvolvimento de Campinas-SP, que pertenceu à Telebrás e hoje está nas mãos da iniciativa privada.

Parece que, quando Deus inspirou as pesquisas do Pe. Landell, estava inaugurando uma nova forma de falar ao seu povo. Não é à toa que a Igreja Católica pode se valer tanto deste meio para evangelizar. Não são raros os testemunhos de pessoas que iniciaram sua caminhada cristã, a partir de emissoras de inspiração católica. Mas além dela, muitas outras denominações cristãs, também se utilizam deste veículo para levar a mensagem do evangelho!


Será que esta seria a vocação do rádio?

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Dia do Rádio: Como ele surgiu no Brasil?

Dia 25 de setembro comemoramos o Dia do Rádio, por ser a data de nascimento de Edgar Roquette-Pinto
Por Elane Gomes




O uso do rádio como meio de comunicação social, no Brasil, tem uma íntima relação com os ideais de nacionalismo, cultura, educação, informação e entretenimento. Percebe-se que o país não ficou tão distante, em relação à Europa e aos Estados Unidos na utilização deste meio.  Alguns estudiosos afirmam que em 6 de abril de 1919, uma transmissão feita em Recife,  com um transmissor vindo da França, inaugurou, na Rádio Clube de Pernambuco, o radio brasileiro. Entretanto, pelas controvérsias históricas, a transmissão do discurso do presidente da República, Epitácio Pessoa, no Centenário da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1922, ficou sendo o marco oficial da inauguração  do rádio no país.

O ano de 1922 foi importante para a cultura brasileira uma vez que, lançadas as sementes do Modernismo com a Semana de Arte Moderna, o país queria acordar para si mesmo. Após as eleições daquele ano, o Governo de Epitácio Pessoa, sofria ameaças de todos os lados: a luta pelo poder por parte dos republicanos, a conspiração nos quartéis e a crise nas ruas geravam um clima de insatisfação. Foi neste contexto que o Governo organizou a comemoração do Centenário. A cerimônia foi preparada com o intuito de gerar uma grande expectativa no povo e assim desviar os olhares para as tensões pelas quais o país sofria. O rádio seria, portanto, uma novidade a ser passada de uma maneira que encantasse a todos. A transmissão do discurso do Presidente foi feita, "através de um sistema de ‘Telefone Alto-Falante’, montado na Praia Vermelha, e de um transmissor instalado no alto do Corcovado pela Westinghouse Eletric; as ‘irradiações’ foram realizadas diretamente para os pavilhões onde as festividades aconteciam". (Reynaldo C. TAVARES, 1999, p.47).

A Western Electric Company foi outra empresa que esteve envolvida nesta transmissão.  Além do Rio de Janeiro, o discurso de Epitácio Pessoa foi ouvido em São Paulo, Petrópolis e Niterói através da estação retransmissora no alto do Corcovado e de 80 aparelhos receptores trazidos dos Estados Unidos.
"A ‘estação transmissora’ montada no alto do Corcovado pela Western Electric operava com um transmissor de  500 watts e foi encampada pelos Correios e Telégrafos e, até o surgimento da Sociedade Rádio do Rio de Janeiro, em 1923, ‘irradiava’ regularmente (dentro das possibilidades) uma programação que incluía a cotação das bolsas do açúcar e do café, a previsão do tempo e a apresentação de números musicais e de declamação." (Reynaldo C. TAVARES, 1999, p. 50).

Depois dessa primeira transmissão radiofônica oficial, o professor Roquette Pinto, interessado pelo rádio como recurso útil para a educação e formação do povo, conseguiu  convencer o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Henrique Morize, a comprar os equipamentos, criando assim a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Ela entrou em funcionamento no dia  1º. de maio do mesmo ano.  Os anseios  de Roquette e Morize estavam fundamentados em seus ideais patrióticos, educativos e culturais. Tinham em vista “a efetivação de um planejamento integrado para projetos educacionais de alcance nacional e a curto prazo.” O slogan da emissora era: “trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil.”

A Rádio Sociedade não tinha propagandas comerciais. Em 1925 esta emissora já transmitia um jornal falado e trazia em sua estrutura de programação peças teatrais, programas musicais e infantis. Em 1936 ela foi doada para o Ministério da Educação e Cultura, o MEC.