Padre brasileiro é reconhecido como pioneiro nas primeiras
transmissões de som pelo espaço
Por Elane Gomes
Por Elane Gomes
Em 1895, Guglielmo Marconi teve a idéia de transmitir sinais à distância, assistindo à repetição da experiência de Hertz em Bolonha, na Itália. Continuou estudando as ondas hertzianas e, em 1896, descobriu o princípio de funcionamento da antena. Isso o fez enviar sinais pelo espaço (mensagens de Dover, na Inglaterra, a Viemeux, na França) e construir um aparelho que pudesse controlar estes sinais. No mesmo ano, obteve em Londres, na Inglaterra a patente deste telégrafo. Embora haja controvérsias, por ter conseguido logo as patentes de suas experiências, Marconi é considerado o inventor do rádio e teve fama a partir disso.
Algumas versões da história do rádio, no entanto, apontam que Marconi, para realizar a primeira transmissão pelo Canal da Mancha, se orientou nos estudos feitos por Nicola Tesla datados de 1894. Os americanos reconheceram Tesla como o criador do rádio, em 1943, alegando que Marconi usou 19 patentes dele em seu projeto. Há teorias que sustentam também que o italiano usou equipamentos de Ruhmkorff e Branly e as ideias de Hertz, além da antena de Popov. ( Fonte: http://www.bn.com.br/radios-antigos/radio.htm).
Embora Marconi seja reconhecido pela
ideia de usar as ondas hertzianas para a comunicação, um padre brasileiro
chamado Landell de Moura já havia feito esta experiência cerca de três anos
antes dele e de dois anos antes de Nicola Tesla.
Landelll de Moura
“As primeiras experiências de
radiodifusão no Brasil se realizaram em 1892, portanto, três anos antes do
surgimento do físico italiano Guglielmo Marconi, no interior de São Paulo. Foi
em Campinas que o padre Landell de Moura, utilizando uma válvula amplificadora,
de sua invenção e fabricação, com três eletrodos, transmitiu e recebeu a
palavra humana através do espaço. (Reynaldo C.TAVARES, 1999, p. 22). A demonstração
foi repetida, em 1894, na cidade de São Paulo, do Alto da Avenida Paulista para
o Alto de Santana.
“ Em 1896, Marconi patenteou seu
telégrafo na Inglaterra (...) Quatro anos depois, em 1900, o governo brasileiro
concedeu ao padre Roberto Landell de Moura, a patente de número 3.279 para ‘um
aparelho apropriado a transmissão da palavra à distância, com ou sem fios,
através do espaço, da terra e da água.’”(Reynaldo C.TAVARES, 1999, p. 22).
Landell de Moura teve grandes problemas
logo após a sua primeira demonstração, uma vez que a sociedade e também o Clero
não aceitaram este seu trabalho. Um padre cientista era visto naquela época
como um perigo para a fé do povo, por isso ele foi transferido diversas vezes
de uma cidade para outra. Essas contínuas mudanças prejudicaram muito os
trabalhos do Pe. Landell devido à dificuldade em transportar o equipamento. Mas
a cada lugar que ia continuava o seu trabalho de evangelização e os seus
estudos científicos. Em 1902 foi para Nova York, onde ele recebeu as patentes
pelos equipamentos que construiu: a de número “771.917, de 11 de outubro de
1904 para Transmissor de Ondas; no. 775.337, de 22 de outubro de 1904 para
Telefone sem fio e no. 775.846 da mesma data para Telégrafo sem fio”. (Reynaldo
C.TAVARES, 1999, p. 25)
Ao voltar para o Brasil, em 1905, Landell
de Moura quis utilizar dois navios da esquadra brasileira para demonstrar seus
eventos mas foi tido como louco. Seu pedido foi negado pelo então Presidente da
República, Francisco de Paula Rodrigues Alves. O sacerdote morreu em julho de
1928.
O Padre Landell de Moura, que chegou a
ser acusado de bruxaria devido ao seu trabalho científico, é hoje patrono dos
radioamadores do Brasil. Em sua homenagem duas instituições levam o seu nome: a
Fundação Educacional Padre Landell de Moura e o CPqD, Centro de Pesquisas e
Desenvolvimento de Campinas-SP, que pertenceu à Telebrás e hoje está nas mãos
da iniciativa privada.
Parece que, quando Deus inspirou as
pesquisas do Pe. Landell, estava inaugurando uma nova forma de falar ao seu
povo. Não é à toa que a Igreja Católica pode se valer tanto deste meio para
evangelizar. Não são raros os testemunhos de pessoas que iniciaram sua
caminhada cristã, a partir de emissoras de inspiração católica. Mas além dela,
muitas outras denominações cristãs, também se utilizam deste veículo para levar
a mensagem do evangelho!
Será que esta seria a vocação do rádio?